sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Casa do Silêncio

"Todos os dias, acordamos, lavamos o rosto, tomamos nosso café da manhã e saímos para trabalhar. Ao lavarmos o rosto, o barulho da água saindo pela torneira nos anima para começar o dia. Na cozinha, a torradeira apita e nos avisa que a torrada está pronta. No caminho para o trabalho, o som dos automóveis nos orienta para atravessarmos a rua.

Mas... e se você não pudesse ouvir? Não se animaria para trabalhar, queimaria a torrada e não conseguiria atravessar a rua?
Existe um grupo de pessoas que lida com esta situação todos os dias, pessoas que não ouvem e precisam absorver o mundo com os olhos. Muitas situações que poderiam ser um problema são contornadas facilmente. A beleza do som da água é substituído pela beleza de sua imagem jorrando pela torneira, a torradeira acende, e no caminho para o trabalho, o risco de atravessar a rua é menor já que os olhos não podem se distrair por um momento.
Você sabe de quem estamos falando? Sim, estamos nos referindo às pessoas surdas. Pessoas que não fazem de sua condição um limite para alcançar seus objetivos e sim uma ponte para descobrir novas fronteiras, novas formas de ver e viver o mundo.
O mundo do surdo é especial e diferente. É um mundo cercado de luz, cores, movimento, expressões de tristeza e alegria e tudo o que se pode captar com os olhos.
O impacto de uma imagem para alguém que não ouve é extremamente maior, por isso a relação com uma pessoa surda deve ser cuidadosa e atenta. Para exemplificar, imaginemos que um surdo nos faça uma pergunta e que ao respondê-la, descuidadamente, nos viremos para fazer algo. Certamente o fato poderá ser interpretado como indiferença ou descaso.
Os hábitos da comunidade surda são pouco divulgados ou divulgados de forma pouco eficaz. Os próprios integrantes desta comunidade, às vezes, não têm consciência de suas especificidades, o que gera, em alguns casos, sérios problemas de identidade.
Algumas características atribuídas às pessoas surdas como agressividade, falta de educação, egocentrismo, isolamento, timidez, na maioria dos casos, trata-se de um único problema: falta de comunicação. Alguém que não entende e que não é capaz de se fazer entender pode desenvolver atitudes radicais, que, muitas vezes, são incompreendidas pela sociedade e pela própria família. Perdendo o referencial familiar e da sociedade, de uma forma geral, o surdo perde a noção de seu espaço e de sua função no mundo, sentindo-se inútil e um fardo a ser carregado.
Entre outros fatores, a Casa de Cultura do Silêncio visa devolver à pessoa surda sua auto-estima, orientando-a no sentido de reconhecer seus direitos e deveres enquanto cidadão, seu papel na sociedade, sua condição enquanto pessoa surda, seus verdadeiros "limites", sua relação com a família e, principalmente, o seu "eu", através de atividades interacionais e de cursos que promovem uma ampliação de conhecimento de mundo."

Conheça o trabalho da Casa de Cultura do Silêncio em:

<http://www.casadosilencio.hpg.ig.com.br/>

Um comentário:

  1. Muito legal. Trabalho com dois alunos surdos e os profissionais da escola preferem evitar a comunicaçào por não saber como fazer e por nòa querer aprender.

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